domingo, 28 de dezembro de 2014

Doce Sacrifício - Capítulo 31 [The Pretender]

Música tema: The Pretender [Foo Fighters]

Keep you in the dark, You know they all pretend. Keep you in the dark, And so it all began
– Um ano atrás –
As cenas narradas aqui são uma sequência de fatos cuidadosamente manipulados por mim, com o intuito de pura e simplesmente controlar o fim da história de cada um dos personagens com quem você se deparará agora. Seja bem-vindo ao meu parque de diversões particular, espero que goste do espetáculo.
Brenda Hitachiin

~”~

Brenda se sentia orgulhosa. Orgulhosa da ideia mais brilhante que já tivera. E nem precisaria de muita persuasão para convence-los a ajudar,todos tinham o que ganhar com isso. Alison toparia de primeira ao saber que isso prejudicaria Alexandra. Envolvia drogas, e por algum motivo estranho, Matthew gostava de estar no meio dessas coisas. Geraria mais uma fofoca para o TheGossip, o que ela e Emily precisavam desesperadamente e ainda tinha David. Ele preferiu a vadiazinha da Rachel em vez da Brenda? Bem, agora os dois iriam pagar. Jessica a ajudaria nessa parte, ela tinha certeza.
- Como pode ter certeza que vai funcionar? Depois de tomado, eles podem fazer qualquer coisa, com qualquer um.
- É por isso que precisamos estar lá para nos certificarmos que irá acontecer exatamente do jeito que queremos.
Ou do jeito que Brenda quer. E Alison até que não era totalmente contra a ideia. Alexandra estava a tirando do sério com seus insultos e fazer isso seria uma ótima vingança.
- Certo, vamos planejar isso então.
- Bem, a primeira parte é com o Matt. Eu e Brenda nos certificamos de que será entregue e vocês duas – Emily aponta para Alison e Jessica. – fazem o resto.
Injusto. Elas ficaram com a pior parte – e a mais difícil também. Mas Ali sabia que iria valer a pena, então nem reclamou.

~”~
Send in your skeletons. Sing as their bones go marching in... again. The need you buried deep. The secrets that you keep are ever ready. Are you ready?. I'm finished making sense. Done pleading ignorance. That whole defense

Era mais uma das memoráveis festas de Cassandra Prescott. A casa estava lotada de alunos do Roundview. Entre eles encontrava-se Nicholas e Rachel, em ambientes diferentes, porém igualmente distraídos e negligentes com seus copos em algum lugar próximo, que por não estarem recebendo a atenção que deveriam, foram facilmente utilizados como um meio de fazer o plano de G funcionar.
- Já colocamos o alucinógeno nas bebidas deles, agora é com vocês. - Emily e Brenda encontram Alison e Jessica nos fundos da mansão Prescott, tirando-as de seu descanso.
- Até aliviamos o seu lado e inventamos alguma coisa para eles irem pro mesmo lugar. - Brenda as olha como se dissesse “se virem agora” e elas entendem que essa era sua deixa e vão de uma vez atrás dos dois.
- Todo esse trabalho e nem sabemos se isso vai funcionar.
- Pense positivo, Jessica. Pense positivo.
- Você está adorando essa ideia, não está?
- Colocar um pouco de cinza no mundinho cor-de-rosa da Alexandra? É, pode-se dizer que sim.

~"~

Spinning infinity, boy. The wheel is spinning me. It's never-ending, never-ending. Same old story

Não seria tão difícil.
Os dois estavam completamente chapados e dançando muito próximos, Alison só precisava dar um empurrãozinho.
E foi o que ela fez.
A loira estava dançando perto deles para disfarçar e “sem querer” esbarra em Nicholas, o fazendo dar uns passos para frente e se chocar com Rachel. Eles riem como dois bêbados, mas a risada vai diminuindo ao notarem que estavam perto demais um do outro e então acontece. Assim que Alison se afasta, os dois se beijam e Jessica tira uma foto do momento.
As duas já podiam ver o bom-humor em que Brenda estaria no dia seguinte.
Mas o que aconteceu a seguir, elas realmente não haviam previsto.
Alexandra e David estavam a alguns passos dali, olhando chocados para a cena. As duas não ficaram para descobrir o que aconteceria, pois não queriam ser vistas, então saíram o mais rápido e discretamente possível dali. Encontram com Matthew no corredor, que confessou ter dito à Lexi onde Nick estava quando ela lhe perguntou se havia visto o namorado. Matthew Grace era mais esperto do que elas imaginavam.

~”~

What if I say I'm not like the others? What if I say I'm not just another one of your plays? You're the pretender. What if I say I will never surrender? In time or so I'm told. I'm just another soul for sale... oh, well. The page is out of print. We are not permanent. We're temporary, temporary. Same old story

Alexandra não conseguia respirar, e estava com dificuldades para enxergar também, já que as lágrimas que se formavam estavam lhe embaçando a visão. Sua melhor amiga e seu namorado estavam se beijando bem na sua frente. Que tipo de brincadeira sem graça era aquela?
David estava chocado com a cena também, mas sabia que a situação de Lexie era bem pior, então ele coloca uma mão sobre o seu ombro, tentando consolá-la, mesmo ele sendo péssimo nisso.
- Lexie... – ele não sabia o que dizer, estava tão perdido quanto ela, e no final nem precisou falar nada já que Alexandra saiu correndo dali. Era isso ou pular naqueles dois com uma faca.
David também não fica ali por muito tempo. Ele não sabia o que estava acontecendo com ele, mas ver os dois juntos não lhe agradou nada. Não era só por ter pegado as dores de Lexie, parecia mais com... Ciúmes. Mas não podia ser. Podia?

~”~

What if I say I'm not like the others? What if I say I'm not just another one of your plays? You're the pretender. What if I say I will never surrender?

Na segunda-feira, o colégio inteiro estava atualizado da notícia, graças ao TheGossip, que estava bombando nesses últimos tempos.
Quando Rachel chegou ao Roundview, sentiu os olhares acusadores lhe cortarem como facas afiadas. Sabia que deveria ter ficado em casa, mas precisava falar com Lexie. A loira não quis vê-la no final de semana, mesmo com toda a insistência da morena. Rachel a estava perdendo e isso a deixava ainda mais desesperada. Até Madison estava estranha com ela. A garota tinha medo de que nenhuma delas acreditasse nela, mas Madison a ouviu quando ela tentou explicar. O problema era que Rachel não se lembrava de nada, assim ficava difícil dizer o que realmente aconteceu. Sabia que tinha beijado Nicholas, isso ela não negava, mas não tinha a menor ideia do por que fizera isso.
Porém, a foto dos dois estar naquele site idiota lhe dava uma ideia do que acontecera. Aquela blogueira fofoqueira maldita! Isso só podia ser coisa dela!
Rachel começou a se preocupar quando na hora do almoço teve que sentar sozinha, já que Alexandra ainda não queria falar com ela e Madison achou melhor ficar com a loira. Ela prometera a Rachel que tentaria convence-la a escutar Rachel, mas a morena duvidava que conseguiria. Lexie tinha uma capacidade incrível de ser frustradoramente teimosa.
E ainda tinha que se preocupar com a maldita foto chegando até Cody. O garoto estava numa clínica de reabilitação no outro lado do país, mas sendo filho de quem era, ela não duvidava nada que o namorado não tinha umas regalias naquele lugar, com direito a internet. Ele já tinha lhe mandado mensagens pelo celular, isso significa que ele tinha acesso ao aparelho às vezes. E se mandasse a foto por mensagem? Rachel não queria nem pensar no que isso poderia desencadear.

~”~

I'm the voice inside your head, You refuse to hear. I'm the face that you have to face, Mirrored in your stare
Rachel joga a mochila com força contra a parede de seu quarto, frustrada por ter que aturar mais um dia sozinha naquela escola maldita. Quando descobrisse quem era G, ela pagaria muito caro pela humilhação que estava fazendo a morena passar.
Ela tiraria todos os seus amigos (se é que tinha algum) assim como a vadia estava fazendo com ela agora. Essa se tornaria a nova missão de Rachel.
Na fúria do momento, Rach taca seu travesseiro no primeiro alvo que encontra: a estante na parede ao lado da cama. O travesseiro bate nos objetos ali expostos, derrubando dois livros da prateleira e fazendo uma pequena caixa com cadeado ficar amostra.
Rachel se lembrava bem o que tinha escondido ali: um fraco cheio de pílulas azuis que tirara de Cody na última vez que o vira antes do garoto ir para a reabilitação, duas semanas atrás. Se lhe perguntassem tempos depois o que ela estava pensando quando fez o que estava prestes a fazer agora, a morena responderia um simples “não estava pensando”, mas isso não era verdade. Ela estava se perguntando se não deveria lhe dar aquela chance. Cody havia lhe dito que a sensação era boa demais para tentar resistir, que fazia todos os problemas desaparecem como mágica. E no momento, isso era tudo o que Rachel queria e precisava.

Por esse motivo, a morena foi a procura da chave para destrancar a caixa, fazendo tudo tão rápido que quando deu por si, já estava com duas pílulas na língua, desfrutando das sensações das quais o namorado era tão viciado. E por algumas horas não existia mais Alexandra, Nicholas, beijo ou TheGossip. Era somente Rachel e a euforia propiciada pela droga.
~"~
I'm what's left, I'm what's right. I'm the enemy. I'm the hand that will take you down. Bring you to your knees

David já tinha perdido a conta de quantas doses daquele líquido colorido ele já tinha tomado. O suficiente para esquecer o nome da bebida, provavelmente. Não importa. Ele já podia ver Rachel saindo aos poucos de sua mente, o que era o objetivo principal, então estava tudo bem. Ele culpava a garota pelo estado em que se encontrava, por ter fodido com a sua cabeça (e com o seu coração também, o que ele perceberia num futuro não tão distante).
Uma garota senta no banco vazio ao seu lado no balcão do Joey's. Ele não precisa olhar muito para reconhecer os belos traços orientais de Brenda.
- Por que a cara de enterro, Dave?
- Que cara de enterro? Não tem cara nenhuma! - ele não queria soar tão ríspido, mas a frieza em sua voz saiu sem que fizesse esforço, já que se sentia um bêbado que levou um pé na bunda. Culpa de Rachel novamente.
- Ok então... - Brenda revira os olhos e levanta do banco, pronta para recuar. Talvez aquela não tenha sido a melhor hora para falar com o Sr. Mal Educado.
- Desculpe. - ele diz entre um suspiro, segurando um dos pulsos da garota, num pedido implícito para que ela voltasse sua atenção a ele. - Só não estou num humor muito legal hoje.
- O que houve? - sua voz doce chega aos seus ouvidos como calmante, levando a névoa do “efeito Rachel” embora. Ele conseguia sentir no carinho que ela fez em sua perna com a mão livre a sua real intenção ali. E talvez ele devesse aproveitar esse pequeno presente que a noite o reservou.
- Não importa agora. Na verdade – ele a puxa pela cintura, encaixando-a entre as suas pernas. - eu acho que você pode me ajudar a melhorar o meu humor essa noite.

~”~

So who are you? Yeah, who are you? Yeah, who are you? Yeah, who are you? Keep you in the dark. You know they all pretend

Rachel estava saindo do refeitório quando David passou por ela, ignorando sua presença como se ela fosse invisível.
- David! - ela o chama por impulso, confusa pela sua atitude. Estava se acostumando a ter o garoto sempre por perto, soltando suas cantadas sempre que encontrava uma deixa. Mas agora ele agia como se nem a conhecesse. - Vai ficar contra mim também? Porque eu vi você e Nick conversando numa boa, mas na minha cara você nem olha!
Ela não tinha como saber, entretanto, que tinha entendido tudo errado.
Ele não estava evitando-a pelo ocorrido com Nick, sabia que aquilo foi mais um plano doentio de G para ter mais uma fofoca pra colocar no seu blog estúpido.
Estava evitando-a por não confiar em si mesmo. Não queria agir precipitadamente e se arrepender disso depois.
- Não é isso. Eu não estou bravo com você nem nada, esse não é o problema.
- Então qual é?
Cody era o problema. Se não fosse pelo namorado drogadinho dela, David poderia investir na garota sem medo de ser feliz. Afinal ele podia ser canalha o quanto quisesse, mas fura olho ele não era. Ainda.
- Nenhum. Não tem problema nenhum. - então ele vai embora, deixando uma Rachel ainda mais confusa para trás, se perguntando o que é que tinha de errado com aquele garoto.
Sabendo que provavelmente nunca o entenderia, ela dá de ombros e segue até o corredor onde ficava o seu armário, para pegar o livro de sua próxima aula. Ao abrir a porta de metal, a primeira coisa que encontra é uma caixa marrom com desenhos abstratos por toda a sua extensão. Desconfiada, ela checa o perímetro ao seu redor, buscando por uma pista do que era aquilo, ou até mesmo alguém a olhando interessado, para indicar que havia sido ela a colocar a caixa ali, mas não encontrou nada. Deixando a curiosidade falar mais alto, ela puxa a tampa, descobrindo que era mais leve do que imaginava, e ao olhar dentro da caixa, encontra alguns saquinhos de plástico transparente e frasquinhos de remédio. Mas no lugar do rótulo, tudo o que encontra colado ali era um bilhete.
“Fiquei sabendo que você começou a gostar dessas coisas, então resolvi te dar alguns de presnete. Aproveite. –G”
Puta que pariuhavia deixado uma caixa cheia de drogas no seu armário do colégio!

~”~

What if I say I'm not like the others? What if I say I'm not just another one of your plays? You're the pretender. What if I say I will never surrender?

Emily deixa o banheiro feminino do Roundview no momento em que Rachel saiu de uma das cabines, completamente alheia a outra garota. Estava secando as mãos quando viu pelo reflexo do espelho Madison e Alexandra entrando ali.
Se a loira soubesse que a garota estava naquele banheiro também, não teria nem passado por perto daquela porta. Estava dando meia volta quando Rachel a chamou.
- Lexie...
- Talvez todas aquelas suas mensagens, ligações e tentativas de aproximação sendo ignoradas não tenham deixado claro pra você, mas eu não quero falar contigo, ok? Vê se desaparece!
- Mas Lexie, você precisa me escutar! - a loira já estava saindo do banheiro, ignorando completamente o pedido da outra, fazendo exatamente o contrário do que a morena pedira.
Rach estava prestes a segui-la e e tentar vence-la pelo cansaço, porém Madi segura o seu braço, impedindo-a de sair dali.
- Deixe-a Rach, uma hora ela cede.
- Eu pensei que você ia falar com ela.
- Eu tentei, mas você sabe como ela é teimosa. Além do mais, é difícil justificar essa história toda...
- O que você esta querendo insinuar? Que eu fiz aquilo porque quis?
- Não foi isso o que eu disse!
- Mas é o que pareceu!
- Rachel...
- Não Madison! Se não vai me ajudar, então some!
Qual era o problema de Rachel? Madison estava a ajudando! Bem, pelo menos estava tentando o seu máximo.
Mas se Rachel queria assim, assim seria.
- Ótimo! Boa sorte ficando sozinha Rachel!
Assim que Madison deixa o banheiro Rach taca sua mochila com força contra a parede (descobrira alguns adias atrás o quanto isso era desestressante), mas logo se arrepende ao lembrar que seu celular estava ali dentro. Ela abre a mochila em busca do aparelho para se certificar que não estava quebrado nem nada, porém o que acaba encontrando é algo totalmente diferente.
A caixa de G que descobrira em seu armário, e que deixa-la por lá mesmo, estava agora dentro de sua mochila. Como aquilo foi parar ali? E sinceramente, não havia hora mais propícia para Rachel estar sozinha com aquilo do que naquele momento.

~”~

What if I say I'm not like the others? (Keep you in the dark) What if I say I'm not just another one of your plays? (You know they all... pretend) You're the pretender. What if I say I will never surrender?

- Isso já está indo longe demais.
- Não pode reclamar, entrou nessa voluntariamente, lembra?
- Sim, mas eu não pensei que...
- Jessica! - a loira aponta para algo a sua frente, no chão do banheiro. Algo que elas reconheciam muito bem. Um pequeno vidro transparente estava caído ali. Pela posição, só pode ter saído rolando de uma das cabines, então Alison, após uma breve olhada para a amiga pra tomar coragem, abre a cabine mais próxima ao objeto, encontrando uma Rachel desacordada sentada no chão, com o corpo apoiado na parede. As duas se aproximam e logo percebem a caixinha ao lado da morena, completamente vazia.
Quando Rachel Martin adquiriu tendencias homicidas?
- Some com essa caixa daqui. Eu vou avisar alguém da direção pra chamar uma ambulância. - sem dar tempo para a outra responder, Alison sai correndo do banheiro, deixando Jessica com a garota inconsciente.
Ela recolhe a caixa e o vidrinho caído no chão, mas deixa um dos pacotinhos de plástico ao lado da morena no mesmo lugar. Afinal era aquilo que Rachel havia usado, não era? Não podia sumir com todas as provas ou alguém poderia desconfiar que algo estava errado.
A garota dá uma última olhada em Rachel antes de deixar o banheiro, certificando-se a cada passo que ninguém estava por perto. Rachel deveria ter sido mais forte, não deveria ter deixado (e por consequente, a própria Jessica) ganhar tanto poder sobre ela. Jess estava de certa forma decepcionada.

So who are you? Yeah, who are you? Yeah, who are you?

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Good Lord! Nem acredito que terminei esse capítulo! Mais de seis meses sem postar, que vergonha... Mas aqui esta,  a primeira parte do capítulo de flashback! Sim vai ter mais, afinal aquele sneak peek do David/Cody ainda não saiu.
Gostaria de agradecer pela paciência, por esperarem esses seis longos meses. O próximo virá muito mais rápido, prometo!
Respostinhas do cap. 30.
Obrigada também por terem comentado no aviso e nos sneak peeks, não respondi, mas li e amei todos.
Espero que gostem desse capítulo também *u*
Ah sim, feliz ano novo para vocês! Que 2015 traga tudo o que vocês estão esperando. Beijos!

sábado, 5 de julho de 2014

"I feel just like a criminal"

It's not me, it's you, only did it because I wanted to

E aqui estou eu - de novo - para avisar - de novo - que a atualização vai demorar - de novo.
A culpa é dos 473467865 trabalhos que eu tenho para fazer. E sim, férias, certo, agora fica mais fácil, mas/porém/entretanto/todavia eu ainda tenho que escrever os capítulos e pra me afundar um pouco mais, antes de ir embora o meu tempo catou minha criatividade pelos cabelos e saiu arrastando-a para bem longe de mim.
Pra passar o tempo, enquanto o próximo capítulo não fica pronto, aqui tem algumas estórias que li e vale a pena compartilhar:

Finalizadas:
Wonderland
The Lost Queen
Mané

Não Finalizadas:
How To Call A Bluff
Warriors

Sobre as histórias escolhidas: não, eu não gosto de One Direction e sim eu sou uma Galaxy Defender.
Problem? u_u

I cannot wait to see your face when you come crawling back to me

domingo, 15 de junho de 2014

Doce Sacrifício - Capítulo 30 [Canals]

Música: Canals [All Time Low]

Era como se uma bigorna tivesse caído e esmagado a cabeça de Alison.
Em compensação, seu corpo estava bem acomodado numa superfície fofa e quentinha. Aquilo era uma cama? O que ela estava fazendo numa cama?
Alison toma coragem e abre os olhos, somente para encarar o teto branco. Ao seu lado, Jessica segurava um pedaço de algodão, que exalava perfume masculino, perto de seu rosto. Aquela possivelmente fora a solução que a amiga encontrou para acordá-la.
Jessica solta um suspiro de alívio. Finalmente Alison acordou. Ela já estava partindo para a tática do copo com água gelada na cara.
- O que aconteceu? – a loira exterioriza a pergunta que sua mente era incapaz de responder.
- Olhe em volta.
Devagar, Ali se senta na cama e passa os olhos pelo cômodo, percebendo que aquelas paredes e objetos eram muito familiares.
- Por que estamos no quarto do Miller?
- Resumo rápido: eu te encontrei dançando em cima do balcão e pedi ajuda pra te tirarem de lá antes que você fizesse alguma besteira. Logan quem bancou o herói da história, você apagou e ele te trouxe pra cá. E me deixou como sua babá caso algo acontecesse. Então nem pense em vomitar aqui, eu não vou limpar a tua sujeira.
- Há-há. Engraçadinha.
Jessica joga o algodão no lixeiro do banheiro de Miller e pergunta a Alison enquanto guardava dois livros de volta a estante:
- Como se sente?
- Cozida.
- Veja pelo lado positivo: pelo menos você não teve uma bad trip.
- Eu acordei na cama do Miller. Isso é bem pior que uma bad trip. – a loira termina de calçar suas botas e fica de pé, sentindo-se menos tonta do que achou que ficaria. – Você pode dirigir? – mas ainda assim não ia arriscar.
- Posso.
As duas deixam o quarto sem mais delongas. Jessica volta a trancar a porta e guarda a chave no bolso de seu casaco por cima do vestido.
Elas fazem seu caminho até o térreo ignorando os três casais que se pegavam no corredor e os dois caras caídos na escada. O resto da casa parecia sufocadamente cheia, mas do lado de fora não parecia ter mais ninguém.
Alison revira os olhos para Alexandra e Nicholas fundindo seus corpos no sofá. Lexie estava no colo do garoto, de costas para a loira. Por isso ela não viu quando seu namorado notou Alison ali e lhe piscou um olho, com um sorriso sacana moldado no rosto. Alison revira os olhos mais uma vez. Depois ele reclamava quando a namorada brigava com ele por causa daquela amizade intima demais dos dois. Mas quase fraternal, claro.
Do outro lado da sala, Madison sente o já conhecido bolo no estômago e leva a mão a boca, saindo apresada até o banheiro do térreo. No caminho, ela esbarra em Jessica, fazendo esta prestar atenção na morena. Ela percebe suas intenções e sai correndo atrás de Madi até o final do corredor.
- Ah, qual é! Jessica! – Alison chama a amiga, em vão. Tudo o que ela queria era sair dali o mais rápido possível, antes que encontrasse com Logan por aí. A loira estava a ponto de seguir as outras duas quando uma ideia lhe veio à cabeça.

~”~
Madison chega até o banheiro e vai direto pro sanitário. Seu corpo estava se acostumando a voltar tudo o que ela ingeria, mesmo ela não querendo. E beber de estômago vazio não podia ter um resultado muito promissor.
E o pior é que ela não estava emagrecendo. Muito pelo contrário: todas as vezes que ela se olhava no espelho, ela parecia ainda mais gorda.
Com toda a sua presa, ela nem pôde trancar a porta, facilitando assim para Jessica, que entra no banheiro logo em seguida. E como o estrago já estava feito mesmo, ela não tinha muito o que fazer a não ser segurar o cabelo de Madison para que a garota não vomitasse nele.
Jessica espera ela terminar, ir até a pia, lavar o rosto e colocar uma pastilha na boca, tudo no mais sagrado silêncio. Jess pensava em algo para falar, mas a porta é novamente aberta, tomando a atenção das duas.
- Madison... – Alexandra entra no pequeno cômodo e atrás dela, Jessica nota Alison chamando-a para fora com um gesto de cabeça. Era melhor dar privacidade para as amigas, então ela sai do banheiro, fechando a porta atrás de si, a qual Lexie trata de trancar, antes que Madison resolvesse sair dali.
- Você sabe que não pode salvar o mundo, não sabe? – a loira pergunta assim que voltam para a aglomeração de pessoas e Jessica não consegue dizer se seu tom era de sarcasmo ou irritação.
- Mas uma pessoa pelo menos eu posso ajudar.
- Sim: eu! – era irritação mesmo. – Que preciso desesperadamente e um bom banho quente, cafeína e uma cama confortável. A minha, de preferência!
- Deixe de ser egoísta, Alison!
- Nem vem! Eu chamei a Alexandra, não chamei?
- Você e Alexandra juntas sem brigarem. Está aí uma coisa que eu nunca pensei que iria presenciar.
- As pessoas precisam crescer uma hora, não é? – Jessica olha para a loira, não acreditando que ela realmente tinha dito isso. – Eu sei: no meu estado isso é uma puta de uma contradição.
Alison já estava indo até a porta de entrada, mas Jessica a puxa de volta, explicando que precisava encontrar Logan para devolver sua chave. A loira tenta argumentar que a esperaria no carro, só que a amiga não a deixa ir, já que ela tinha que agradecê-lo pelo o que ele fez.
- Hei, a Bela Adormecida acordou. – elas o encontraram na entrada de uma das salas, conversando com Joshua. Jessica lhe devolve a chave, agradece e diz que já estavam de saída. – Mas já vão?
- Sim. – Jessica cutuca Alison discretamente, avisando-a que aquela era a sua deixa.
A vontade de Alison era de jogá-la na piscina e deixa-la lá até que a amiga congelasse.
- Eu acho que te devo um obrigado, então... – Ali hesita, sua voz saindo bem baixinha. Céus, aquilo era humilhante. – Obrigada.
- Que isso. Quando precisar de um lugar confortável para passar a noite é só chamar. – Logan pisca um olho pra ela do jeito mais descarado que conseguia, seu sorriso deixando claro que havia mais naquela oferta do que somente cordialidade.
- Retiro meu agradecimento. Passar bem. – a loira arrasta Jessica para fora daquela casa, ignorando uma parte bem pequena dela – mas muito irritante – que queria guardar aquela oportunidade para um próximo momento.
- Dude, você podia ser mais discreto. – Josh aconselha o amigo, que observava as garotas se distanciarem.
- O quê?
- Você ‘tá de quatro pela garota. Limpa a baba, Miller! – o garoto não aguenta e começa a rir, logo recebendo um tapa na testa dado por um Logan nada feliz.
- Ficou louco? Logan não baba. Muito menos fica de quatro por uma garota. Logan pega geral, é isso o que ele faz.
- Eu odeio quando você começa a falar na terceira pessoa.

~”~

- Eu não sei do que você está falando. Eu estou completamente bem.
- Pare de mentir pra mim! – Alexandra já estava ficando cansada daquilo. Há quanto tempo elas estavam naquele banheiro? Lexie só queria que a amiga confessasse de uma vez. – Me diz o que está acontecendo, eu só quero te ajudar!
- Eu não preciso da sua ajuda. Me deixe ir. – Madison tenta passar pela loira e abrir a porta, porém Lexie fica na sua frente, impedindo-a.
- Madi, por favor. Você sabe que isso é errado. – a voz de Alexandra estava bem mais baixa agora, transmitindo junto aos seus olhos marejados uma súplica quase desesperada. – Só pare, por favor.
- É mais fácil falar do que fazer. – Madison não estava muito diferente. Ambas estavam meio bêbadas e aquela conversa estava deixando-as um pouco emotivas demais.
- Admitir o problema é o primeiro passo para a reparação¹.

[Dois dias depois]

Alison estava na sacada do apartamento de sua mãe, de onde tinha uma bela visão do Central Park, com suas árvores secas e o branco cobrindo toda a sua extensão. New York City era realmente muito linda no inverno, com toda aquela neve e as luzes de natal.
A porta de vidro da varanda é abeta e Alison nem precisa olhar para saber que era seu pai ali. O cheiro do chocolate-quente o entregou.
Michael se senta ao lado da filha no pequeno sofá, logo tendo as pernas cobertas pela manta que Alison usava para se esquentar. Ele passa uma das canecas para a loira, que bebe o conteúdo sem assoprar, queimando a língua. Como sempre. Mas a culpa não era dela, ninguém mandou seu pai fazer o melhor chocolate-quente do mundo!
- O que você está fazendo aqui sozinha nesse frio?
- Nada demais. A Slo já dormiu?
- Já sim. Como ela vai ficar acordada amanhã, ela decidiu dormir tudo o que tinha para dormir hoje.
Alison sorri. Devia ser muito bom ser uma garotinha de oito anos sem preocupações maiores do que não perder a hora do desenho preferido.
Sloane tinha sorte. Por ser tão pequena e ainda não entender esse mundo complicado dos adultos (se bem que Alison não entendia também), ela ganhava algumas regalias para distraí-la do fato que seus pais estavam separados, um em canta canto do país.
E é aí que entra a confusão que os adultos insistem em fazer com suas vidas, porque os seus pais não estavam separados de verdade, como eles queriam demonstrar.
Depois que Collette e Sloane se mudaram para NYC e Michael e Alison ficaram em LA, tudo contribuía para que o casal começasse uma nova vida com novas pessoas, mas o que eles faziam? Agiam como se ainda fossem comprometidos e sempre que tinham a oportunidade eles reuniam a família para que os dois pudessem ficarem juntos. Agora, por exemplo, eles estavam dormindo no mesmo quarto e a loira sabia que enquanto ela e sua irmãzinha dormiam, os dois aproveitavam muito bem a noite. E pensar nisso era muito nojento...
Mas a questão é que seus pais deveriam resolver de vez o real status daquele relacionamento. Porque se eles ficavam todas as vezes que se encontravam e se ainda gostavam um do outro (o que era óbvio só de olhar para eles), então por que é que eles haviam se divorciado? Se existia namoro a distância, então podia ter casamento a distância também! Já que infelizmente Collette teria que ficar em New York por causa de seu trabalho.
- Você está fazendo isso de novo. – Michael termina seu chocolate-quente e coloca a caneca sobre a mesinha a sua frente.
Alison imita o gesto do pai antes de perguntar:
- Fazendo o quê?
- Calada, olhando pro nada, como se estivesse pensando em um jeito de implantar a paz mundial.
- Nem se eu passasse a minha vida inteira pensando isso iria acontecer, pai!
- Então sobre o que era? Se eu puder saber, é claro.
- Não pode não. – ela responde com um sorriso travesso estampado no rosto.
- Ora, claro que posso! Sou seu pai, tenho esse direito! A não ser que seja sobre um garoto, daí eu não quero saber...
Alison solta uma pequena risada pelo comentário do pai.
- Não é sobre um garoto.
- Garota? – agora Alison já estava gargalhando.
- Não. Eu gosto de homens, não se preocupe. – a garota para rir, voltando a limitar-se no sorriso sapeca ao ver a cara de desapontamento de seu pai.
- O único homem da sua vida é o seu velho aqui. Pensei que já tínhamos conversado sobre isso. – ele parecia tão desalentado que Alison teve que abraça-lo para reconforta-lo de alguma forma.
- Falamos sim. Mas o senhor sabe que uma hora eu vou encontrar alguém e...
- Sim, filha: depois dos trinta, como havíamos combinado. E não me chame de senhor.
- Mas isso mostra que eu o respeito.
- Não. Isso me faz parecer mais velho do que eu já sou.
- O senhor, digo, você – ela corrige-se rapidamente ao notar o olhar de repreensão do Sr. Fitzgerald sobre ela. – não está velho. Muito pelo contrário, está bem em forma. Sinceramente eu não sei como ainda está solteiro.
- Quem disse que eu estou solteiro? – ele soltou essa só de brincadeira, porém o rumo daquela conversa iria deixa-lo numa encruzilhada que ele não havia previsto.
- Certo. Qual foi a última vez que o senhor saiu com uma mulher que não fosse a mamãe? E eu não estou falando de dois anos atrás. – o comentário de sua filha o deixou tão embasbacado que ele até deixou escapar o senhor que ela usou na pergunta. – Eu percebi o que está acontecendo entre vocês, eu não sou cega.
- Bem. – Michael limpa a garganta antes de continuar, agora seguindo o tom mais sério que a conversa tomara. – Sendo assim, eu preferiria que você ignorasse isso.
- E eu preferiria que vocês se decidissem de uma vez. Ou vocês estão juntos ou não estão. É simples! Vocês não são mais adolescentes, eu sou! E vocês estão me dando um péssimo exemplo.
- Você preferiria que estivéssemos separados, sem falar um com o outro e fazendo você e sua irmã terem de escolher com qual dos pais querem passar os feriados?
- Não. Eu preferiria que a merda desse divórcio nunca tivesse nem sido mencionado. É isso o que eu preferiria.
- As coisas não são assim tão fáceis, Ali.
- Se a vida adulta é tão complicada assim, acho que prefiro passar o resto dos meus dias na Terra do Nunca.
- O quê? E fazer como aquele covarde do Peter Pan?
- Covarde?
- Claro! Na primeira dificuldade que encontrou ele voltou correndo pra Terra do Nunca e deixou a pobre Wendy para envelhecer sozinha. E é exatamente o contrário disso que sua mãe e eu queremos. Então estamos tentando achar um meio termo entre a Terra do Nunca e a vida real.
- E está dando certo? – seu pai lhe sorri, de uma forma um pouco cansada, com umas ruguinhas aparecendo em seus olhos. É, ele estava ficando velho. Mas um velho muito charmoso.
- Está é na hora de entrar ou vamos congelar aqui. – Michael se levanta e pega as duas canecas de cima da mesa. – Vamos? – ele não espera a resposta da filha para voltar ao aconchego do aquecedor do apartamento e Alison o segue, vencida, sem a resposta que tanto queria. Mas ela não desistiria assim tão fácil daquele assunto.

~”~

- Não vai mais me ajudar, então?
- Não posso. É perigoso demais. Com Vanessa e Matthew na minha cola, eles podem acabar descobrindo.
O garoto observa em silêncio a morena sentada na cama a sua frente, mais especificamente a região da barriga desta.
- Ela não achou que você o teria.
- Eu pensei nisso. Mas então lembrei que Ashley já abortou um bebê – do Matthew! Quão estranho era isso? – E arranjou complicações que eu não quero para mim. – o garoto próximo a janela assente com um leve movimento de cabeça. – Por acaso Taylor falou alguma coisa sobre?
- Não. É o mesmo discurso de sempre: ele só vai fazer alguma coisa quando você provar com um exame de DNA que o filho é mesmo dele. – a garota deita de costas na cama, com um gato laranja de pelúcia no colo. – Sabe, você não precisa esperar até o bebê nascer, tem como fazer o exame antes. É mais caro, mas pelo menos você resolve essa situação mais rápido.
- Eu nem sei mais se quero que ele assuma. Tem um casal em Encino² que quer adotar uma criança. A mulher não pode ter filhos e eles queriam um bebê novinho, pra ter a “experiência completa”. – dois loucos, só pode! – Talvez eu dê a criança para eles.
- Tem certeza? Muitas fazem isso e se arrependem depois.
- Não eu. Taylor e eu não estamos prontos para sermos pais e aquele casal tem condições de criar o bebê muito bem. – além de poder amá-lo mais também.
- Se você diz... – o garoto dá de ombros, arrumando as almofadas ao seu redor para poder esticar as pernas sobre o estofado rosa e laranja.
A morena volta a se sentar na cama, fitando o garoto, ainda com a pelúcia no colo.
- Mas voltando ao assunto principal: como estão as coisas com ela?
- Complicadas. Mas pelo menos ninguém desconfia. Vocês já conversaram sobre a sua desistência?
- Sim. Contei sobre Vanny e Matthew não me deixarem em paz, o que faz o trabalho ficar um pouco mais difícil.
- E ela te deixou ir fácil assim?
- Claro que não. Ela pode ter me dado um tempo, mas com certeza vai me querer de volta em algum momento. E se ela cair, você sabe, ela nos derruba junto, pra amortecermos a queda dela.
- Boa sorte pra gente então. – um som abafado invade o cômodo e o garoto leva a mão ao bolso da jaqueta preta, tirando seu celular dali. – E por falar no diabo...
- Acho melhor você ir então.
- Sim. – ele se levanta do acento em frente à janela, andando até a porta branca que se encontrava aberta o suficiente para que eles pudessem ver se alguém passasse por ali. – Ah, Emily? – ela vira o pescoço em sua direção, esperando ele continuar. – Feliz Natal.
Os dois trocam um sorriso amigável, o que a garota nunca achou que aconteceria, mas ter relações com –G mudavam as pessoas, aparentemente.
- Feliz Natal.

-----x-----
¹Admitir o problema é o primeiro passo para a reparação (admitting the problem is the first step towards repair): Trecho da música Canals do All Time Low.
²Encino: Distrito da cidade de Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos. É onde está localizada a mansão de Ronnie James Dio (avaliada em U$3.333.000,00 – uma pechincha).

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Heey cambada! Jessie is back, did you miss me?
Hoje é 15/06/14, sabem o que isso significa? UM ANO DE DOCE SACRIFÍCIO! Sim, uma ideia que era para ser uma coisa rápida, de poucos meses, já me tomou um ano inteiro!
Mas ninguém aqui está reclamando, certo? Certo.
Vamos falar desse capítulo: Lexie finalmente confrontou Madi, e agora? Será que ela vai confessar e aceitar ajuda? É esperar pra ver. O que acharam da história dos pais da Alison? Complicados eles? Imagina. E quem vocês acham que estava falando com Emily? Façam suas apostas.
Agora DS vai entrar em clima de natal e eu estou esperando os presentes (natal + aniversário) para as personagens (e pra mim!), beleza? Haha '
~Chu.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Doce Sacrifício - Capítulo 29 [Stella]

Música: Stella [All Time Low]

"It feels like I'm falling in love alone
Stella, would you take me home?"

Aquela noite estava abafada demais para vinte e um de dezembro. Mas aquilo ali era a Califórnia. Tinha seus dias razoavelmente quentes até no inverno.
Não quente o suficiente para pular numa piscina à noite, mas qual é o bêbado que se importa? E é por essa razão que a piscina de Logan Miller estava cheia deles.
Estava o mais estrelado que podia numa cidade cheia de luzes e céu poluído e a lua minguante brilhava como o sorriso do Gato de Cheshire.
Pelo menos era com isso que Jeremy a associava enquanto a fitava.
Ele estava sentado no chão, encostado à cerca, que dividia a área da piscina com o pequeno jardim, com sua Stella Artois já no fim. Do outro lado do quintal, num ângulo que Jeremy podia ver claramente, Madison e Rachel conversavam; e pelos gestos e expressões era algo bem interessante. Porém Jeremy não estava interessado nisso, ele queria saber é o que diabos tinha de errado com a sua namorada. Que ela já estava estranha há algum tempo, isso era óbvio, mas agora ela quase não o deixava chegar perto. Já tinha mais de um mês que os dois não faziam aquilo. E qual é o casal hoje em dia que não faz aquilo?
Jeremy só conseguia chegar a duas opções: 1. ela não gostava mais dele e 2. ela o estava traindo (o que remetia a primeira alternativa). Mas era sobre Madison que ele estava ponderando e ela não era assim. Se ela estivesse envolvida com outro garoto, ela terminaria com Jeremy. Madison não era o tipo de garota que traía, de forma alguma.
Então qual era o problema? Será que ele tinha feito alguma coisa errada?
- Você podia ser mais discreto, dude.
David senta ao seu lado, tomando a garrafa de Jeremy, bebendo os últimos goles.
- Oi?
- A tensão sexual entre vocês está dançando salsa na minha frente. – era tão óbvio assim? Se bem que David percebia essas coisas como ninguém. – Há quanto tempo vocês não trepam?
Se Jeremy pudesse, ele lançaria raios lazer pelos olhos até Thompson virar poeira.
- Eu sei que você não gosta que eu use a expressão trepar, ou foder, mas você sabe que é isso, não sabe? Aceite.
- É por isso que a Rachel não quis dormir com você: porque pra você o que você faz com sua namorada ou com um prostituta é exatamente a mesma coisa!
- Isso não é verdade. Está certo que às vezes eu nem sei o nome da garota, mas eu também tenho as minhas especiais.
- E quem seriam? A Nicole que é só falar “oi” e ela já vai abrindo as pernas? – Jer nota uma garota de cabelos roxos sair de dentro da casa. – Ou Jessica?
David tinha visto também. Ele segue a garota e Joshua com o olhar, os dois olhavam para todos os lados procurando algo ou alguém. E ali sim ele conseguia sentir a tensão sexual e o mais estranho era que ele não se importava. Jessica nunca lhe disse ao certo porque eles terminaram, mas era óbvio que essa não era a vontade dela.
- Qual é a história de vocês dois afinal?
- Você quer mesmo falar sobre isso aqui? Agora?
- Eu sei que sua mãe e os pais dela eram amigos muito antes de vocês nascerem. – é, parece que ele quer. Na verdade ele só queria manter os holofotes bem longe da sua relação com Madison. Falar sobre isso com David era meio constrangedor.
- Eles se conheceram na faculdade e agora trabalham no mesmo hospital.
- Prossiga. – David revira os olhos. Jeremy parecia uma daquelas vizinhas fofoqueiras.
- Sendo assim, Jessica e eu nos conhecemos desde sempre, éramos inseparáveis quando crianças. – Jer começa a prestar mais atenção à conversa. Dave tinha adquirido um tom de nostalgia que ele nunca tinha ouvido antes do amigo. Ele duvidava que o garoto já tivesse contado aquilo para alguém. – Ela foi a primeira garota na minha vida. Meu primeiro beijo, minha primeira namorada, minha primeira transa. Minha primeira paixão, pra resumir. Só que não foi o suficiente e ela também foi a primeira garota que eu traí. – Dave dá de ombros, como se isso não fosse nada demais, porém dava para sentir o arrependimento em sua voz.
- ‘Ta explicado por que ela te odiava tanto até meses atrás.
- Não era ódio, era só uma decisão mútua de fingir que o outro não existia. Nossa situação era um pouco estranha. Eu não fui o total vilão, sabe? Ela já estava de olho naquele Joshua e a ponto de, no mínimo, me dispensar pra ficar com ele, só que os dois também não deram certo, então ela foi buscar consolo nos braços do Matthew. – Dave revira os olhos mais uma vez, ele não gostava dessa parte da história. Thompson não ia com a cara de Joshua, mas Matthew era de longe o pior. Principalmente por ter sido o fornecedor da garota. Ele colocava a culpa de ela ter se viciado tempos atrás toda nele. – Até que ela e Campbell finalmente viraram namorados.
- E então no seu aniversário vocês dois ficaram e eles terminaram.
- Nós não ficamos exatamente, mas é por aí. – e nessa parte a culpa era toda de –G, que o garoto sabia que estava quieta demais.
- E semanas depois você traiu a Rachel com a Nicole e então foi a vez de vocês terminarem. E agora você e Jessica estão nessa espécie de “amizade com benefícios”. – o garoto Marshall tinha resumido bem.
- O único relacionamento que funciona pra mim.
- Cara, você é horrível. Por que mesmo que somos amigos? – Jer faz uma careta de desgosto e Dave ri alto. O garoto era uma figura.
- Nem começa, Marshall. Eu só tenho dezoito anos e não estou preso a ninguém. O que me impede de me divertir um pouco com qualquer garota que passar na minha frente?
- Você deveria respeitá-las mais. – Jeremy e seu moralismo.
- E você deveria ir falar com a sua namorada, porque é óbvio que tem alguma coisa acontecendo. Mas você prefere ficar sentado aqui, dando palpite na minha vida.
- Isso é um sermão?
- Chame do que quiser, mas uma coisa é certa: se você não fizer algo em relação a Madison e rápido, você vai perdê-la.
Não. Isso não!
- E o que eu deveria fazer? – “Por favor, tenha uma resposta decente”.
- Bem, isso é uma festa, ela é a sua namorada, chame-a para dançar, já é um bom começo. – “Será que eu tenho que resolver tudo por aqui?

~”~

- Vamos olhar lá dentro mais uma vez.
Josh pega na mão de Jessica e a leva para dentro da casa de novo. Ele só estava esperando o momento em que ela iria puxar sua mão da dele, dizer que não precisava de sua ajuda e ir procurar Alison sozinha.
Mas ela não iria. A garota estava adorando a sensação da mão dele na sua. E ela preferiria ter os dois braços arrancados a ter que admitir isso, mas ela sentia falta daquilo. De estar perto dele. E o garoto ainda tinha dispensado Naomi para ir ajudá-la. Tinha como ficar melhor?
Tinha. Alison poderia não estar dançando sensualmente em cima do balcão da cozinha. Porém as duas garotas ao seu lado estavam bem piores: já no estágio do strip-tease. Jessica tinha que tirar a amiga dali antes que a loira fosse contagiada pelas outras.
- Joshua me ajude aqui. – cada um deles segura um braço de Alison, fazendo-a sentar no balcão. Josh ia pegá-la no colo para tirá-la dali mais rápido, só que a loira estava se divertindo bem mais ali em cima e não queria descer agora, então quando percebeu as intenções do moreno, ela simplesmente mordeu o seu braço.
Mas mordeu mesmo. Pra deixar marca.
- Ai! – ele se afasta dela, apertando seu braço com a outra mão, para protegê-lo de uma possível segunda rodada. Josh só relevou porque sabia que Alison estava bêbada e/ou chapada demais e não estava totalmente no juízo de suas faculdades mentais.
- Alison! – Jessica prepara-se para dar uma bronca na amiga, mesmo sabendo que seria inútil, já que naquele estado a garota não a ouviria.
- Garota má, garota muito má. – Logan, que estava assistindo interessadíssimo a dança da garota, resolve ir até o trio e, esperto do jeito que era, pega a loira pelas pernas e a joga por sobre o ombro, como um saco de batatas, com a desculpa que só queria ajudar, mas a verdade é que ele só queria apalpar a bunda dela mesmo. – Pra onde?
- Eu é que sei? A casa é sua. – e a culpa dela estar assim também. Era o que Jessica queria acrescentar, mas ela sabia que ele estava somente lhe fazendo um favor e brigar por ele ter deixado Taylor colocar drogas na bebida não parecia uma forma muito educada de agradecer.
- Já sei. Venham comigo. – Logan sai da cozinha – com Alison esperneando e batendo em suas costas – e Jessica e Joshua não vêem outra alternativa a não ser segui-lo.
No meio do caminho, Jessica pega o copo de plástico da mão de um garoto desacordado no sofá, antes que o conteúdo fosse parar no chão e ela pondera sobre o que fazer com aquilo. Numa situação normal ela teria entornado a bebida e ali, com Alison fora de si e sendo ajudada por Logan e Joshua, ela não se lembrava do que estava a impedindo.
- Bela história para contar na reunião do N.A. – Josh fala antes que o líquido pudesse tocar sua boca e o garoto se arrepende no momento em que proferiu as palavras. Não era suposto para ele saber daquilo. Droga.
Jessica fica na dúvida se ouvira direito. Joshua por acaso lia aquele blog idiota?
Ela larga o copo na estante da sala e continua a seguir Miller, em silêncio. O garoto estava certo, de qualquer forma. Era aquilo que estava a impedindo.
Ficar limpa estava sendo mais difícil do que ela imaginou que seria.
Ao terminarem de subir as escadas, Alison já tinha apagado e o moreno que a carregava para em frente a uma das últimas portas daquele corredor, tirando uma chave do bolso da calça.
Quando adentrou o quarto, Jessica só tinha uma coisa em mente: “por que eu não tive essa ideia antes?
Ao lado da cama, tinha um adesivo que cobria quase toda a parede, escrito The Beatles e embaixo uma imagem da silhueta dos quatro integrantes da melhor banda do mundo – na visão da garota.
Ela também notou a enorme estante cheia de livros e DVD’s, o telescópio em frente a janela e a guitarra no canto ao lado.
Mas, espera. Por que ela estava no quarto do Miller mesmo?
Ah, é: Alison.
É claro que ele ia querer ter o argumento de “você já dormiu na minha cama”.
- Eu acho que ela entrou em coma alcoólico. – Josh brinca, fitando a garota inconsciente e imóvel na cama de Logan.
- Só se certifique que ela não vai vomitar na minha cama. Ou em qualquer outro lugar. – Jessica assente e os dois garotos deixam o quarto, depois de Logan pedir para ela trancar a porta se algum bêbado quisesse entrar ali.
E Jessica agradeceu mentalmente por aquela montanha de livros, já que ela sabia que a amiga não iria acordar nem tão cedo.

~”~

Vanessa estava sentada à mesa do lado de fora de uma cafeteria de arquitetura parisiense, bebericando seu chá verde enquanto sentia a brisa de fim de tarde bater em seu rosto. Na mesa da frente, duas crianças gordinhas atacavam a comida como se aquela fosse sua última refeição. A morena não entendia como duas criaturinhas daquele tamanho podiam comer tanto. A mesa estava atolada de copos de refrigerante vazios, papeis de batatinhas do Mcdonalds e várias caixas de hambúrguer empilhadas. O casal de crianças estava dividindo o ultimo sanduíche e Vanessa teve que coçar os olhos para ter certeza de que não estava delirando: os dois pedaços do lanche tinham braços e estavam acenando pra ela!
A garota olha em volta em busca de câmeras escondidas ou algo assim, mas tudo o que encontra é um cachorro-quente vestindo terno e carregando uma maleta, passando em frente a sua mesa no mesmo momento que uma barra de chocolate, usando vestido e salto alto, aparece na direção oposta, falando ao telefone. Um muffin vestido de garçonete sai da cafeteria e se junta aos dois alimentos gigantes. Twist And Shout começa a tocar em algum lugar e os três põem-se a dançar, enquanto mais comidas humanóides vão aparecendo e juntando-se a coreografia. As crianças – ainda sentadas à mesa – começam a bater palmas e os dois pedaços de hambúrguer – com uma mordida cada – começam uma dança estilo rock anos 70 no tampo da mesa.
Certa de que agora tinha pirado de vez, Vanessa levanta-se da cadeira e corre para dentro do estabelecimento. Assim que ela fecha a porta, as luzes começam a se apagar até que ela não conseguisse enxergar mais nada. O som da música fica abafado, diminuindo gradativamente, até que outro barulho ocupa o seu lugar.
Vanessa percebe com espanto que era o toque de mensagem do seu celular e ela abre os olhos, o choque da realidade atingindo-a com força. Aquela loucura toda fora só um sonho; ela continuava deitada na cama de Emily, com a luz da lua iluminando o quarto através da janela, já que a cortina fora deixada aberta.
Ao seu lado, Emily resmunga algo incompreensível, incomodada com o barulho do celular, virando-se para o lado da parede e voltando a dormir.
Vanny pega o aparelho na cabeceira da cama e desbloqueia a tela, sendo atingida pela luz incômoda.
Uma mensagem nova de: Matthew Fitch.
Então foi ele que a tirou daquele sonho maluco com a ‘comida-humanóide-dançante’?
Você está com ela?
A garota revira os olhos, pensando seriamente em ignorar a mensagem. Ele sabia que sim, afinal o garoto passara ali antes de ir para a casa do Miller.
Sim. Por quê?
Como ela ‘tá? Está acordada?
Vanessa olha para a garota a sua direita, dormindo de costas para ela. Às vezes ela tinha vontade de empurrar Emily escada abaixo por a amiga não perceber quão sortuda ela era. Matthew não precisava se dar ao trabalho de fazer tudo o que estava fazendo: passar na casa dela todos os dias, convencê-la a aceitar a companhia de Vanessa quando seus pais não podiam ficar com ela e, claro, certificar-se que ela não iria voltar a beber e fumar. Às vezes ele a tratava como uma enferma, mas era só a sua maneira de mostrar que se importava. O garoto tinha até engolido o orgulho e ido falar com Taylor! Apesar de não ter conseguido nada.
Vanessa volta sua atenção para o celular, lembrando-se que tinha uma mensagem para responder.
Ela está bem, está dormindo agora. Eu também estava sabe...
Foi mal ;) Eu só queria checar se estava tudo bem, não quis estragar o seu sono de beleza – do qual você anda precisando
Há-há, muito engraçado você. E como está a festa?
Normal... Avisa pra Emily que eu passo aí amanhã a tarde, assim que eu acordar ^^
Só madrugando na farra. Você não muda mesmo, não é?
Estou na melhor idade, tenho que aproveitar. Mas já que está tudo bem eu vou deixar as pessoas chatas e entediantes voltarem a dormir

Sério Fitch, se você continuar me enchendo eu vou te bater quando você chegar aqui amanhã. E, Matt... obrigada
Pelo o quê?
Por apoiar a Emi enquanto aquele filho da puta do Taylor finge que não tem nenhuma responsabilidade nisso
Vanessa Stonem xingando? Agora eu já vi de tudo nessa vida! E é claro que eu a apoiaria, afinal é pra isso que os amigos servem, não é?
Amigos. Vanessa tinha o pressentimento de que havia muito mais do que amizade ali. Pelo menos da parte do Matthew.
É sim. Boa noite Matty (e juízo!)
Boa noite ‘mamãe’ :D
-
Matthew aperta o ‘send’ e guarda o celular no bolso, sabendo que não receberia mais nenhuma resposta.
- Mais tranquilo agora? – Raphael, que estava sentado ao seu lado na escada, pergunta só pra irritar mesmo, porque é pra isso que os amigos servem. – Eu podia jurar que quem você ia correr atrás era da Jessica, não da Emily.
- É, eu também. – Matt fora apaixonado por Jessica por um bom tempo, até eles entrarem naquela besteira de TheGossip com Brenda e ele conhecer Emily. Aí sua cabeça deu um nó e ele ficou assim, em cima do muro, até o idiota do Taylor tirá-la dele. Foi então que ele percebeu que por mais que gostasse da Tinky Winky (e ele precisava mudar esse apelido), Emily era a sua garota. Uma pena que ele percebeu isso tarde demais. – E eu podia jurar que você não ia deixar seu relacionamento acabar assim tão fácil.
- Não há nada que eu possa fazer agora. E eu nem sei se quero tentar fazer alguma coisa. – Vanessa era uma garota com bagagem demais pra ele, com toda aquela história de anorexia e não sei mais o que. Além da irmã-gêmea que não gostava dele.
- Michelle? – não. Definitivamente não. Ele já ferrou a vida da garota com o acidente da a mãe dela, era melhor seguir o conselho de seu pai e ficar bem longe daquela família. E isso não seria nada difícil, já que a loira estava evitando-o de todas as formas possíveis.
- Ela não quer me ver nem pintado de ouro. A solução é eu achar uma terceira garota: minha querida Stella. – o garoto ergue sua garrafa e Matty solta uma pequena risada porque aquela era bem o tipo de opção que Raphael escolheria. – Stella, would you take me home?*
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I DID IT! I FUCKING FINISHED IT! \Õ/
Deus sabe a Odiséia que foi terminar esse capítulo...
*Stella, would you take me home (Stella, você me levaria pra casa) é um trecho duma música do ATL (link ali em cima). E eu, muito sagaz, usei como trocadilho com a cerveja que Raphael estava bebendo no momento (Stella Artois). Eu sei, sou muito piadista, já posso fazer stand up comedy...
~Chu.
"The next song is about beer"